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O caminhão do leiteiro e o Metaverso

No interior de Goiás, onde eu cresci, as notícias chegavam de forma curiosa. Não tinha jornal. O rádio consumia as pilhas rápido demais. E TV... bom, televisão era um luxo, ou melhor, um desperdício num lugar onde não tinha energia elétrica. Assim, de segunda a segunda, todos nós no sítio esperávamos pelo caminhão do leiteiro.

Postado em 03 de maio de 2022

No interior de Goiás, onde eu cresci, as notícias chegavam de forma curiosa. Não tinha jornal. O rádio consumia as pilhas rápido demais. E TV... bom, televisão era um luxo, ou melhor, um desperdício num lugar onde não tinha energia elétrica. Assim, de segunda a segunda, todos nós no sítio esperávamos pelo caminhão do leiteiro.

Enquanto o ajudante trocava os latões vazios do dia anterior pelos que transbordavam leite fresco, o seu Cícero nos atualizava sobre as notícias da cidade. As manchetes passavam pela situação econômica do País, política, vez ou outra, classificados e claro, coluna social. Seu Cícero sabia de tudo.

Mas para evitar fake news meus pais se esforçavam – nossa casa era repleta de revistas e livros. E foi assim que eu li, pela primeira vez, sobre realidade virtual. Era uma matéria da revista Super Interessante que assegurava: a tecnologia seria o idioma do futuro. No dia seguinte, perguntei para o seu Cícero se ele tinha medo de um robô dirigir o caminhão dele. Ele, que sabia de tudo mesmo, respondeu ligeiro: “Tenho não. Eu vou é ensinar o robô a dirigir, menina”.

Seu Cícero foi embora faz tempo e não conheceu os carros autônomos. Mas me ensinou ali, no sertão com luz de lampião, rádio de pilha e leite no curral, que a gente não pode ter medo do futuro. Lembrei dele outro dia enquanto falávamos em um podcast sobre o Metaverso e como este assunto tem assustado muitos empresários.

Segundo a consultoria americana, Gartner, nos próximos quatro anos, 30% das empresas do mundo terão produtos ou serviços no Metaverso. Até 2026, 25% das pessoas passarão ao menos uma hora por dia trabalhando, comprando, estudando, divertindo-se e interagindo com outras pessoas nesse mundo virtual. Se a tecnologia é o idioma do futuro, o futuro chegou.

Deu medo? Então, se liga: se você tem mais de 40, viu a internet ser criada. Você usou disquete, Linux e teve um Tamagotchi. Jogou Nintendo, mandou SMS, fez ligações de um Nokia, ouviu MP3 e fez as primeiras pesquisas do Google. Vai por mim, você já aprendeu muitos idiomas e não tem por que se preocupar. E se já nasceu instalando app no celular, então está pronto para falar como um nativo.

Se pudesse resumir, diria que o Metaverso é a próxima temporada da série “internet”. A gente até imagina o que vai acontecer, mas precisa maratonar todos os capítulos para entender de verdade. E claro, você pode escolher não acompanhar a nova trama. Mas aceite que ela vai ser exibida mesmo assim e todo mundo vai falar disso. Quer um spoiler? Se você ainda não entendeu como funciona tudo isso, fique tranquilo: tá todo mundo tentando entender. Ou seja, dá tempo de aprender.

A boa notícia: Rio Preto integra um grupo de elite quando o assunto é tecnologia. Graças a Apeti (Associação dos Profissionais e Empresas de TI), nossa cidade faz parte da Rede Paulista de Arranjos Produtivos Locais de Tecnologia e Inovação. Uma oportunidade para quem busca mais informação, oportunidades e capacitação para viver no futuro, seja ele qual for.

Tenho para mim que o seu Cícero, mesmo sem saber, matou a charada: nós não seremos trocados pela tecnologia. Seremos substituídos por quem souber usá-la. E se ele estava pronto para ensinar robô a dirigir caminhão de leite, imagina tudo o que você pode fazer?

por Flaviana Ribeiro - Diretora de Comunicação Apeti (Associação dos Profissionais e Empresas de Tecnologia da Informação).


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