por Liszeila Abdala Martingo
A história do Parque Tecnológico de São José do Rio Preto começou há 30 anos e nos últimos 7 anos vimos insurgir uma boa vontade sincronizada dos pilares de nosso ecossistema (setor público, setor privado e setor acadêmico). O foco ao fomentar a articulação de todos esses atores, é a convergência para o Parque, centro maior do resultado de todo trabalho que se faz, que está por ser e que já foi feito na promoção da Inovação e do Empreendedorismo em nosso município e região.
As empresas, a academia e o poder público têm demonstrado uma nova percepção sobre o cenário em que vivemos. O que se concretiza na participação, especialmente, de empresas já consolidadas e de grande porte de nossa cidade e região na proposição e promoção de ações que tragam a cultura de inovação, bem como a gestão e liderança da inovação, como tema principal.
O grande desafio para o ecossistema é demonstrar para as empresas tradicionais, consolidadas, que estão muito mais focadas em resultados, que a cultura de inovação é algo que deve ser encarado como investimento, como risco que faz parte do negócio, mas que faz parte da necessidade em se manter na liderança do seu mercado, ao criar soluções inovadoras para o negócio que está consolidado.
Para que seja efetivo, a transformação da cultura tradicional de negócios em uma cultura concentrada e orientada na inovação, envolve atividades, decisões e atitudes. Os projetos-piloto são os que podem convencer a organização dos benefícios da cultura de inovação.
As lideranças necessitam se envolver nos programas de mudança e permitir que as pessoas da organização aprendam e realizem experimentos. Ter equipes interdisciplinares que assegurem as iniciativas e tenham bases amplas para que consigam dar conta da variedade de forças que atuam sobre os projetos.
Os espaços dentro das empresas (ou como spin-off: surgimento de uma nova empresa a partir de um grupo que já existe), focados em inovação, hoje nominados de “hub”, proporcionam um recurso para o pensamento de prazo mais longo e garante que iniciativas sejam sustentadas. Inclusive com a utilização de mensuração dos impactos, tanto quantitativos quanto qualitativos, que ajudam na argumentação da manutenção da cultura e que asseguram que os recursos (financeiros, humanos, tecnológicos, entre outros) sejam devidamente alocados.
Para que a inovação tenha sua engrenagem sem problemas, esses elementos citados devem funcionar em harmonia, e somente as lideranças (empresários/executivos) que estão à frente desse processo podem garantir isso. Mas todos sabemos que as lideranças entram em pânico com más notícias. É difícil manter o foco na inovação em ambientes de negócios incertos, onde os objetivos de curto prazo parecem mais importantes que os objetivos de longo prazo.
Contudo, a inovação não é algo que pode ser ligado e desligado como um interruptor de luz. Ideias revolucionárias levam mais tempo para germinar do que a maioria das recessões econômicas (exceto aquelas mais longas e profundas que levam mais tempo). Nesses tempos, as empresas precisam mudar o foco de suas iniciativas e rodar seus projetos-piloto com menos recursos, mas não os eliminar, pois isso deixa as empresas vulneráveis a serem pegas de surpresa quando os mercados se recuperarem.
O segredo para que a cultura de inovação se instale em nossas empresas está na integração: manter as demandas conflitantes em tensão, enquanto criamos inovações (ou seja, empresas mais poderosas)!
*Diretora de Startup e Inovação da Apeti (Associação dos Profissionais e Empresas de Tecnologia da Informação).
https://www.diariodaregiao.com.br/opiniao/artigos/cultura-de-inovac-o-1.1907073